O refluxo gastroesofágico é um problema que ocorre, cada vez mais comumente, hoje em dia. Trata-se de uma doença multifatorial (dependente de muitos fatores). Por definição, a doença do refluxo gastroesofágico é a subida do ácido produzido no estômago em direção à faringe (garganta). Isso ocorre, principalmente, quando o paciente se encontra em posição horizontal (deitado). Imagine-se uma garrafa: quando está em pé, o líquido em seu interior está em baixo, por ação da gravidade. No entanto, quando se deita a garrafa, o líquido no interior vai em direção ao bico e transborda. Um mecanismo semelhante ocorre com as pessoas que tem refluxo: o ácido do estômago, por incompetência ou dilatação do esfíncter esofágico inferior (músculo que separa o esôfago do estômago – ver figura abaixo) vem em direção ao esôfago, atinge a garganta e provoca sintomas diversos.

Combater as causas desse problema é de importância fundamental para seu tratamento. Como causas, procuraremos citar aqui os mais importantes fatores que contribuem para o incremento dessa patologia: o stress do dia-a-dia, a vida cada vez mais competitiva e mais difícil para a população de um modo geral, fazendo com que doenças como ansiedades, depressões – entre outros vários distúrbios comportamentais – sejam cada vez mais frequentes. Esses fatores estão diretamente ligados ao aumento da produção ácida do estômago e favorecem a presença do refluxo.

Outro fator também importante e cada vez mais comum, nos dias atuais, é a inadequada alimentação adotada pela maioria das pessoas. Hoje em dia, as lanchonetes, devido ao seu fast-food, são cada vez mais frequentadas e, pela correria do dia-a-dia, a população mal tem tempo de tomar refeições adequadas ou sentar-se para se alimentar direito.

O hábito de comer “mal”, em especial, alimentos gordurosos e guloseimas, ocorre cada vez mais frequentemente. Frituras, gorduras, doces, cafés, chocolates, chá-preto, queijos, chimarrão, refrigerantes, cigarros, bebidas alcoólicas e condimentos em excesso não fazem nada bem para a mucosa gástrica e favorecem a presença do refluxo.

O aumento da obesidade e as roupas apertadas podem piorar o desconforto. A falta de exercício físico e medicamentos em excesso -tomados, principalmente, por conta do paciente, tais como anti-inflamatórios e antibióticos – também agravam o quadro.

A existência de problemas anatômicos como a hérnia de hiato (mucosa do estômago que se insere dentro do esôfago) indica, quase com certeza, a presença de refluxo. As gastrites e as úlceras também são fatores que propiciam a doença.

O diagnóstico pode ser feito através de um bom histórico dos sintomas que incluem, usualmente: sensação de “coisa” ou de “bola” enroscada na garganta, pigarro, tosse seca, boca seca, afogamentos com a própria saliva, faringites crônicas e episódios recorrentes de dor de garganta, laringites ou disfonia crônica (perda da voz de repetição). Logicamente, nem todos os pacientes com refluxo apresentam todos esses sintomas, cuja presença costuma ser bastante diversificada.

Exames complementares do raciocínio médico podem ser solicitados, a critério de cada profissional e do próprio paciente. Dentre os exames que auxiliam para o diagnóstico do problema, incluem-se: Videolaringoscopia, Endoscopia Digestiva, PHmetria, RX contrastado do esôfago e outros.

O tratamento do refluxo gastroesofágico baseia-se em dois pilares fundamentais: o primeiro orienta a afastar as possíveis causas do problema e a adotar alguns hábitos básicos de vida, tais como: alimentar-se melhor; evitar comer e deitar ou comer deitado; fazer uma última refeição mais leve, preferencialmente equilibrada e cerca de 2 horas antes de deitar; diminuir a quantidade de alimentos gordurosos; procurar fazer exercícios físicos; e, se estiver acima do peso, emagrecer um pouco. Para os que apreciam café, chocolate, chimarrão, doce, queijos, gorduras, é aconselhável dar uma refreada nesse tipo de alimento.

É essencial que pessoas com sinais de stress, ansiedade, depressão e outros distúrbios comportamentais, procurem tratamento adequado para o caso. Especialmente, se houver perturbações gástricas. A automedicação pode tornar-se um grave problema. É altamente recomendável que qualquer tipo de medicação seja efetuada sob adequada orientação do médico assistente; não do “médico” da farmácia, ou dos amigos; ou mesmo da propaganda da televisão.

O segundo pilar orienta no sentido de que medicamentos adequados sejam utilizados por um período aproximado de dois a seis meses, para que a produção ácida do estômago seja diminuída.

Essa doença pode ocorrer também na população infantil. E pode provocar problemas de via aérea, entre os quais as otites e sinusites de repetição; os problemas respiratórios por aspiração do ácido, como a bronquite e a asma. Nesses casos, mostra-se essencial uma investigação minuciosa realizada pelo pediatra.

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