O desvio de septo e hipertrofia dos cornetos não são uma doença, mas um problema anatômico que pode vir a causar doenças. E causar outros tantos problemas, entre os quais, a obstrução nasal, a rinossinusite, a faringite, a otite média, a otite secretora, a cefaléia frontoetmoidal (rinogênica), o ronco etc.

A origem do problema é quase sempre indefinida: é difícil saber quando se forma o desvio, a menos que o paciente tenha uma história de trauma ou de fratura nasal. Pode se originar no feto, na barriga da mãe, na hora do parto ou em qualquer fase da infância ou juventude, fazendo com que o septo, em seu desenvolvimento, cresça desviado.

O diagnóstico é, muito simplesmente, feito pelo especialista. Um bom histórico com uma anterior rinoscopia podem levar ao diagnóstico.

Em pacientes com sintomas nasais, é padrão realizar um exame de videonasofibroscopia, no intuito de se obter uma completa avaliação da cavidade nasal e uma melhor análise do problema. Isso faz com que o paciente possa ver e entender o que ocorre consigo.

Paciente com desvio – grande ou pequeno – do septo, com hipertrofia dos cornetos e sem problemas decorrentes desse fato (respira bem, não ronca, não apresenta dores de cabeça, sinusites ou infecções de repetição, e nada o incomoda), não precisa fazer alguma coisa com relação ao desvio: pode conservá-lo.

Por ser um problema anatômico e não uma doença; e, por não existir remédio para corrigir essa anormalidade, o tratamento não é clínico. Caso necessário, indica-se um simples procedimento cirúrgico.

A cirurgia de correção tem como principal objetivo retirar o desvio ou, pelo menos, minorá-lo. No entanto, operar o desvio de septo não significa retificá-lo completamente: muitas vezes, não é possível retirar todo o desvio.

Pode ocorrer que um paciente previamente operado apresente desvio de septo residual. Pode ocorrer também que, ao ser notificado do fato, mostre indignação por não ter sido avisado – pelo cirurgião – da possibilidade. Esse paciente deve ser indagado se a respiração e os outros sintomas melhoraram após a cirurgia. Uma resposta positiva indica que o verdadeiro objetivo da cirurgia foi atingido: melhorar os sintomas: especialmente, a respiração nasal.

A cirurgia só se justifica se houver problemas. É importante que o paciente entenda que o problema é seu. O médico apenas oferece ajuda para solucionar – ou abrandar – seu sofrimento. Assim, é o próprio paciente quem deve indicar a cirurgia.

Quem se opera por desvio de septo e têm rinite alérgica pode também ser vítima de uma indicação mal-feita. Esse paciente deve ser obrigatoriamente orientado no sentido de que a cirurgia pode resolver – apenas – o problema anatômico do desvio. No entanto, jamais curará a rinite alérgica. Essa, se não for tratada após a cirurgia – e por toda a vida – pode levar esse paciente, depois de um tempo, a nova obstrução respiratória.

É imperativo, portanto, que seja orientado – no tocante ao problema anatômico do desvio do septo – quanto às vantagens e limitações da cirurgia e, sobretudo, quanto ao tratamento de uma eventual rinite alérgica.

Faz-se importante esclarecer que o desvio não retorna: retornam os sintomas da rinite alérgica não tratada. E isso pode fazer o paciente piorar do quadro respiratório, com o passar do tempo.

Resumindo: a cirurgia do septo nasal – quando bem indicada e bem realizada – pode melhorar, e muito, a respiração do paciente. Bem como os problemas decorrentes do desvio e da má respiração. Entretanto, é imprescindível que, se houver rinite alérgica, o paciente seja devidamente orientado, tratado e acompanhado para que possa ter sucesso na continuidade do tratamento.

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