A OMA recorrente é um verdadeiro drama para crianças, mães, pediatras e otorrinolaringologistas.
Caracteriza-se por repetidas infecções agudas do ouvido médio. Isso ocorre por disfunção da tuba auditiva ou pela associação de doenças que provocam as infecções recorrentes.
É nossa conduta iniciar sempre pelo tratamento mais leve (clínico), aconselhando a investigar e tratar possíveis fatores determinantes do problema e, conforme o caso, evoluir para tratamentos mais agressivos (cirúrgicos).
Em alguns casos, mesmo em se tratando os fatores clínicos (doenças associadas) e realizando cirurgias (adenoamigdalectomia, colocação de tubos de ventilação), algumas crianças continuam apresentando otites e só melhoram depois dos 13, 14 anos de idade, quando a tuba auditiva apresenta maturidade.
Os casos de crianças com esse tipo de problema tornam necessário pesquisar e tratar os possíveis fatores (doenças) propiciadores do problema: rinite alérgica, refluxo gastroesofágico, anemia, hipertrofia adenoideana ou adenoamigdaleana. E, também, averiguação do convívio da criança com fumantes, dos ambientes freqüentados pela criança (creches, etc.).
Se os tratamentos clínicos se esgotarem e a criança continuar apresentando otites de repetição; ou se o problema for um aumento excessivo das adenoides e amigdalas, o tratamento cirúrgico deve ser indicado para retirar esses tecidos, e para colocar um tubo de ventilação no sentido de aumentar a aeração do ouvido médio e na tentativa de diminuir essas infecções.
Nem sempre é fácil chegar ao diagnóstico: muitas vezes, mal orientada, a mãe procura o otorrinolaringologista com um prévio diagnóstico de otite, quando – na realidade – não se trata de otite. É importante lembrar que dor de ouvido é um drama para as crianças e suas mães. Isso faz com que qualquer choro seja traduzido por dor de ouvido. No entanto, nem sempre o choro ou a dor devem ser traduzidos necessariamente como dor de ouvido.
Nem toda criança consegue falar ou exprimir exatamente o que sente. Por esse motivo, é importante lembrar que o choro da criança pequenina pode ser causado mais por cólicas do que por otite; e que, via de regra, a otite na criança causa febre e ocorre concomitantemente a um resfriado ou a uma infecção de vias aéreas.
O diagnostico não deixa dúvidas se ocorrer um vazamento do ouvido; mas, na suspeita de quadros de repetição, é essencial que a mãe procure um especialista para o adequado tratamento.